Punk Rock


O movimento punk, surgido nos anos 1970, não foi apenas uma exibição de cabelos coloridos e cortes diferentes, roupas rasgadas e atitudes chocantes: foi a reação de jovens que, sem dinheiro e sem grandes (nem pequenas) perspectivas de um futuro melhor, buscaram dar voz e forma às suas frustrações e reivindicações. A principal característica foi o “faça você mesmo” – sua roupa, seu penteado, sua revista, sua música, sua mensagem – sem esperar que alguém dissesse ou fizesse por você, sem esperar ter o dinheiro para pagar alguém para fazer no seu lugar.

Os anos 1970 viram o Rock’N’Roll, já aceito e incorporado pelo “Sistema”, se consolidar como um grande negócio. Bandas e roqueiros que vendiam bastante ganhavam muita grana e fama, seus discos e shows ficavam cada vez mais sofisticados e distantes da molecada sem futuro e cada vez mais carente e furiosa. Se o jovem protopunk não conseguia ir ao show da sua banda favorita, não gostava do jeito mais rebuscado que os roqueiros passaram a tocar e nem das letras nada-a-ver-com a minha-realidade que estavam cantando, então o jeito era fazer sua própria música, mesmo que não ainda não soubesse tocar. Instrumentos velhos e ignorância musical eram superados pela energia acumulada que queria dar vazão à voz abafada.

Houve antecedentes como Iggy Pop & The Stooges ou mesmo a música Surfing Bird dos Trashmen – mais tarde regravada pelos Ramones – mas foi em 1974 que se materializou o formato mais representativo do Punk Rock. No dia 30 de março de 1974, os Ramones fizeram sua primeira apresentação no Performance Studios, em Nova York, para um punhado de amigos e conhecidos. O “show” foi curto e grosso: na época um trio com Joey Ramone na bateria, Dee Dee Ramone no baixo e tentando fazer também os vocais e Johnny Ramone na guitarra, a banda tocou músicas bem curtas e rápidas, com letras cruas, som sujo e evidente falta de habilidade nos instrumentos, além de discussão constante, abandono do palco antes da primeira música (mas depois voltaram) e de quase saírem no tapa sobre o que tocar (ou não). Estavam ali os elementos básicos do Punk: as letras eram simples, repetitivas e truncadas, o som era caótico, as atitudes eram agressivas e a energia e a vontade eram maiores do que a necessidade de saber tocar e cantar. O importante era se expressar.

Um possível mapa para o horário desse show mostra o Meio do Céu – a posição de destaque perante o mundo – regido por Mercúrio, oposto no Fundo do Céu, no subterrâneo. É interessante também que Mercúrio, associado à razão, fala e composição, está duplamente debilitado em Peixes: a expressão não é clara, não é lógica, é emocional. A Lua em Câncer está em casa: aquilo é familiar. As palavras não precisam fazer sentido, precisam é dar vazão ao que está no peito. Aquela angústia é conhecida e reconhecida. Marte, regente do Ascendente, está na Casa 7 – a dos outros, dos inimigos e das parcerias – em Gêmeos: mesmo em seus próprios Termos e Face, Marte – o Punk Rock – busca os outros e está subordinado ao que Mercúrio (subterrâneo e confuso) fizer.

Depois do primeiro “show”, os Ramones pararam por 5 meses para treinar (Saturno em Libra: disciplina, mesmo na anarquia, para alcançar o resultado) e tocar com um mínimo de capacidade. A história dos Ramones começa pra valer em agosto de 1974, mas o Punk Rock pode muito bem ter começado naquele 30 de março, com músicas como Now I Wanna Sniff Some Gluehttps://www.youtube.com/watch?v=RfDogCLoXA8

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